ATENTION, PLEASE!
Aproveitando que terminamos uma trilogia estrelada pelos Chaotix(Chaotix no caso - Knuckles #13-14-15), resolvi trazer ao Sonic Tales o jogo que deu origem a este grupo, convidando MUITO especialmente, esta quase celebridade do mundo game blogueiro, o Rafael00agent responsável pelo grandioso blog http://passagemsecreta.com/ .
Graças a um pedido meu, o sr. Rafael acabou se auto flagelando resenhando o altamente bizarro jogo do altamente IMPOPULAR 32X, Knuckles Chaotix, o jogo que deu origem a todos esses personagens que, cá entre nós, foram bem melhor aproveitados da revista. Acompanhemos com o nosso amigo Rafael:
Ah, o 32x. O esquisitíssimo aparelho em formato de cogumelo de pouquíssimos jogos, e menos ainda dos que valem a pena dar uma conferida. Um deles é Knuckles’ Chaotix, por diversas razões: por ser um jogo feito pela Sega, por estrelar o até então misterioso Knuckles e por ter gráficos realmente interessantes, que a princípio tiravam máximo proveito dos efeitos adicionais que o acessório trazia ao poderio original do Mega Drive. Mas será que, no final das contas, valeu à pena? Confira aqui, nesse review de Knuckles´ Chaotix!
[caption id="attachment_1402" align="aligncenter" width="320" caption="Vector com um dos personagens "secretos", Bomb!"]
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História
A versão americana possui certas divergências em relação à história da japonesa (que foi lançada depois). No enredo original, Robotnik invade a Carnival Island, uma parte da Angel Island que é na forma de um enorme parque de diversões, recentemente inaugurado. O objetivo do vilão é de roubar a esmeralda responsável por manter a energia da ilha, a fim de apoderar-se dessa propriedade para alimentar suas criações maléficas. O gorducho também capturou o crocodilo Vector, o abelha Charmy e o tatu Mighty,(além dos robôs secretos só controláveis pelo CPU quando seu sorteio dá errado, Heavy e Bomb) que foram presos no Combi Confiner, uma nova invenção engredrada pelo Doutor que paralisa qualquer um que entra nela. Knuckles vai investigar o ocorrido e chega no exato momento em que o camaleão Espio estava sendo preso, conseguindo salvá-lo à tempo de ser congelado junto com os outros. Assim, Robotnik e Metal Sonic fogem e continuam correndo atrás da almejada esmeralda, enquanto que Knuckles e seus amigos devem impedir que isso aconteça.
A localização japonesa não difere muito dessa história; de acordo com o manual, a Carnival Island surge logo após o término das aventuras de Sonic&Knuckles. Robotnik consegue localizá-la e descobre que lá existem as Chaos Rings, que são anéis imbuídos do poder das já conhecidas Esmeraldas do Caos. A fim de encontrá-las, o vilão constrói sua base no local, e captura Vector, Charmy e Mighty, também utilizando o Combi Confiner. Knuckles flagra o momento em que Espio está sendo pego e consegue salvá-lo, e assim todos devem trabalhar juntos para impedir Robotnik de alcançar seu objetivo.
[caption id="attachment_1397" align="aligncenter" width="590" caption="Knuckles mostrando sua superioridade (e seus pixels)"]
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O anel que nos une e que só a morte separa
Não, esta não é uma referência ao matrimônio, e sim à jogabilidade do game. O esquema de jogo consiste agora no controle de dois personagens unidos por uma força vinda de cada anel que carrega em sua respectiva mão, numa espécie de “elástico” que permite com que um consiga impulsionar o outro em velocidades impossíveis de serem alcançadas sozinho, sendo útil para atravessar obstáculos, subir em maiores alturas, e derrotar alguns inimigos. O game permite que dois jogadores possam jogar dessa forma, aumentando ainda mais o fator co-operativo que era tão restrito no controle de Sonic e Tails nos games anteriores. Além disso, todo o layout das fases foi desenhado de forma com que fosse propício o uso de diversas estratégias e puzzles que usem essas habilidades, com o simples objetivo de encontrar a saída em menos de 10 minutos - o que às vezes pode ser uma tarefa não muito fácil.
Mas esse esquema de jogo é um daqueles casos onde a idéia parece ser muito boa, mas a execução nem sempre sai tão legal. As físicas são bem diferentes, e levam certo tempo para se acostumar. E, ainda assim, existem momentos em que é difícil ter total certeza do que está fazendo, ainda mais quando o seu parceiro controlado pela CPU não para de quicar de um lado para o outro, levando-lhe junto. É comum chegar em algum trecho da fase sem querer, de forma com que certa parte dos movimentos sejam imprevisíveis e descontrolados. Além disso, os mapas favorecem muito mais a exploração e resolução de puzzles através dos movimentos em dupla, em detrimento da quantidade de inimigos na tela, que é muito pequena. É bem provável que você passe por uma fase completa sem encontrar um único inimigo, o que é decepcionante para aqueles que esperavam um jogo de plataforma no estilo dos outros jogos de Mega. Essa quebra de expectativa aliado ao novo sistema de jogo causa uma certa estranheza para um game baseado em personagens do Sonic, mas é algo que dá para se acostumar conforme vai jogando.
Já a forma de acessar o Special Stage é a mesma do primeiro Sonic, ou seja, terminando a fase com mais de 50 moedas e entrando no argolão; assim o jogador é transportado para um campo poligonal 3D que remete bastante aos Special Stages do Sonic 2, mas sendo muito mais interessantes e criativos. Agora, é necessário coletar um número de esferas azuis desviando dos buracos e obstáculos dentro de uma contagem regressiva determinada pelo número de anéis que o personagem possui (e que vai pegando durante o percurso). Não é nem preciso dizer que o desafio se torna absurdamente maior nos últimos Special Stages, o que rende muitas horas para aquele que quer fazer o melhor final do jogo – que é um pouco desapontador.
Remetendo a Sonic 3&Knuckles,também existem anéis gigantes espalhados em passagens secretas presentes nas Zonas, levando a uma fase especial onde o jogador pode pegar mais anéis e outros itens.
Aliás, Chaotix procura inovar na distribuição de fases: são cinco Zonas que possuem cinco estágios cada, e o próximo nível a ser jogado é determinado por um sorteio. Infelizmente é mais uma ideia que não deu certo, já que o design das zonas é pouco marcante, e as fases são pouco variadas entre si. O jogo não busca interessar o jogador em explorá-lo e, assim, é bem comum se encontrar apenas correndo em direção ao final do nível se preocupando apenas em pegar 50 argolas. E essa é uma das principais falhas do game, que não se esforça em divertir na busca pelo objetivo de chegar até o fim, apesar disso acontecer eventualmente durante a jogatina.
Ainda assim, o jogo é consideravelmente longo, e possui uma bateria para salvar o progresso, oferecendo dois modos: Auto e Manual, sendo que, neste último, o jogo só é salvo quando o personagem vai para a saída do mapa principal, o que ajuda bastante para tentar pegar todas as Chaos Rings, bastando apenas pressionar Reset após uma tentativa frustrada.
Visuais lisérgicos
Os gráficos mostram a razão de existir do 32x: Os cenários são muito coloridos e detalhados, com direito a diferentes versões das fases representando o amanhecer, entardecer e anoitecer; os sprites sofrem diversos efeitos de escala e rotação; os chefes de fase possuem objetos e elementos poligonais 3D; entre alguns outros efeitos. Apesar de parecer impressionante para os outros jogos de Mega Drive, infelizmente o ano era 1995, e consoles como 3DO, Playstation e Saturn já ofereciam visuais bem mais bonitos e elaborados que os presentes Chaotix. Até mesmo o Super NES, que nessa época estava em seu limite, parecia ser superior graficamente a esse game, com obras-primas como Donkey Kong Country. Em suma, os gráficos de Knuckles Chaotix são um milagre tecnológico dentro dos limites do Mega Drive 32x, mas que significa pouca coisa diante do que já era alcançado naquela época em termos de visuais bidimensionais. Ainda assim, é algo bonito de se ver, apesar de causar a impressão de tudo ser um pouco rosado demais.
Vale lembrar também que, quando muitos efeitos gráficos eram gerados simultaneamente ou quando os personagens corriam em velocidade muito alta, o jogo traz uma leve lentidão, sendo perceptível assim que os personagens entram na fase (e aquelas tirinhas estilizadas surgem) e na batalha contra o chefe final – que, aliás, é relativamente fácil.
A banda do Equidna
É praticamente uma regra no universo dos jogos de Sonic e seus spin-offs: não importa o quanto vá feder, a trilha sonora sempre será excepcional. E esse também é o caso de Chaotix. As músicas, compostas por Junko Shiratsu e Mariko Nanba, são muito boas com melodias facilmente grudantes. Os dois canais PWM que o 32x acrescenta ao hardware de som do Mega Drive serviram aqui para gerar os sons de bateria e de percussão, que estão bem presentes durante toda a trilha sonora do jogo, com ritmos bem interessantes e inusitados em algumas composições. A presença de vozes e sons pré-gravados é praticamente nula, e a maior parte dos efeitos sonoros é reciclada dos outros jogos. Assim, pode-se dizer que a sonoridade é tipicamente “Soniciana”, com alguns coloridos a mais que são bem interessantes de ouvir. Ouça a música dos créditos finais que, seguindo a tradição, emenda a maior parte dos temas do jogo em medley só:
[soundcloud url="http://api.soundcloud.com/tracks/19622394"]
Conclusão
Apesar de todas as críticas negativas ao jogo, vale à pena dar uma conferida em Knuckles´ Chaotix. Não é aquele jogo típico que a gente sempre espera do Sonic, mas é um bom game de seu próprio jeito. Claro que ele possui suas falhas, mas elas não atrapalham a diversão. Acontece que, sempre que sai algum jogo baseado em Sonic e seu universo, as expectativas são sempre muito altas, e nem sempre o jogo consegue alcançá-las. Esse é o caso de Chaotix; se você espera um game de plataforma com o mesmo brilho de Sonic The Hedgehog, passe longe. Mas, se procurar uma experiência legal e relaxante, vai fundo!
Valeu, sr. Rafael, esperamos mais futuras participações suas aqui no Sonic Tales. E você já visitou o passagem secreta hoje?! Tá esperando o quê? Clique aqui agora mesmo! http://passagemsecreta.com/